sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Variável .

- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- acho que não.
- então vai tomar no cu.
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- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- acho que sim.
- acha? vai tomar no cu, porra. acha? hnf.
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- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- que diferença isso vai fazer?
- eu quero saber, porra. responde.
- gosto.
- porra, dificuldade, viu? ta bem, então. to indo.
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- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- você ainda gosta de mim?
- ah, caralho, lá vem. você sabe que sim.
- então pronto. só isso que você tem que saber.
- ah, porra, vai te foder.
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- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- não.
- ah. ta bem, tenho que ir.
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- ah, eu tenho que te perguntar uma coisa.
- hm?
- você ainda gosta de mim?
- quê?
- você ouviu. e aí?
- ahan.
- HAHAHAHAH! você ficou vermelho!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O pássaro na copa da árvore do topo do mundo .

O passarinho na copa da árvore
mudo agora está?
com suas asas adornadas, esperado o vento se acalmar
para voar,
para esbanjar suas sombras,
de asas adornadas no tudo do nada onde tudo está.
o passarinho na copa da árvore se perdeu das palavras.
agora ele olha o horizonte
e as espera
e nunca as vê chegar.
ele se engasgou com o silêncio,
se feriu por dentro,
louca ave a pairar.
não pode parar.
não poderá nunca mais parar.
onde olha, inveja um lugar onde queria estar.
não existem correntes, nem gaiolas.
mas de tantos azuis e nuvens e ventos e luzes
atordoado agora está.
então, busca a ausência da liberdade que usufrui
deseja assentar-se.
mas o impulso que tomou da copa da
árvore foi grande demais.
que pairou até o horizonte acabar
o que havia atrás de um horizonte tão longe?
outro horizonte a voar.
até que o peso das palavras que se negam a sair foi grande demais
e o pássaro tombou, desesperado,
ao encontro da ausência dos seus planos,
onde o que se quer não acontece.
a ânsia do fim de tudo se estende eternamente,
até onde olhos humanos não conseguem enxergar.
seria uma nova vida se ao invés de ave
fosse um peixinho no mar.
uma queda alta com suas asas
adornadas de dourado pela luz solar
até em queda delizava linda e suavemente pelo ar
CHUAAAAAFLLLSSS
agora o passarinho é mais um pedaço do mar.



Texto conjunto com Cássio Villani.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Irrelevante .

- Adoro passar por aqui.
Riu-se. Não era possível que alguém gostasse de passar por um lugar deplorável como aquele.
- O quê?
- Isso aqui. Adoro passar e ver todas essas luzinhas amarelas e azuis espalhadas pelos morros.
- Você tá brincando, né? - Riu ainda mais, ainda sem acreditar.
- Nem tô... Sabe o quê que parece?
- Uma favela.
Ela ignorou:
- Parece que jogaram granulado em cima. Daqueles coloridinhos, sabe?
- Hm-hum. - gruniu, diminuindo mais a velocidade - O quê que tá acontecendo ali?
- Deve ser batida policial. - E ela ainda olhava os morros com granulado, sonhadora - Você não acha bonito?
Quando, passando por um capacete meio amassado, ele viu o corpo no meio da pista, coberto por um saco plástico preto. E outro mais na frente.
- Você não acha bonito, Beto? - insistiu, virando o rosto na direção em que ele olhava.
E o silêncio foi a resposta.