segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Estribilho de chaves .

Quando as noites não tem fim, e a dor é a única que corta a alma, o desespero profundo percorre as ruas escuras, a solidão não tem mais preço. quando o futuro não mais sorri e os gritos abafados ecoam no silêncio, quando a esperança é utópica e esqueletos vermelhos de sangue perseguem nos sonhos. uma luz pra me dizer que ainda vale à pena. quando escorpiões sobem pelas pernas e está em um cesto de cobras, quando a lua não tem mais céu, pequenas lagartas andam em fila. as folhas caem no chão e o estrondo que fazem é alto demais pra suportar. quando os desejos ressecam e o fim se aproxima, quando borboletas sem asas agonizam se arrastando pelo chão, a comida aprodece no corpo, o coração pulsa sem força. quando o sangue petrifica nas veias, pequenas agulhas furam a ponta dos dedos, formigas vermelhas devoram o ultimo pedaço do ser. quando um grito acorda na noite e um anjo negro lhe diz que foi só um sonho.

aos meus queridos anjos negros, que cheiram podridão, e me despertam, fazendo-me perceber o quão crua a realidade é.