segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sereno fim de temporal .

Arrastando os pés no asfalto
ela não olha para os lados.
a cabeça baixa segue
a sombra dos saltos quebrados
que o sol nascente reproduz.
a chuva fina deixa
os cabelos minguados colados
nos ombros.
o cheiro de cigarro e café
a mantém intacta do temporal.
as garrafas jogadas na rua
invertem as mentiras que vêem,
os olhos úmidos de escuridão
dançam no alvorecer.
arrastando os pés,
saltos quebrados nas mãos,
ela se desfaz a cada passo
deixando ao relento pedaços de si,
esquecendo memórias
e emoções.
ela parte, se parte
e se vai, esvaindo seu corpo.
um vazio vagando nas ruas
no fim de um temporal.